torsdag, mars 26

Quarentena & Plague Inc.

Devido à pandemia de coronavírus, estou trabalhando em regime home office desde a última quarta-feira, embora a mudança brusca de rotina e os dias de isolamento deem a impressão de fazer bem mais tempo. A sensação que eu tenho ao ligar nas notícias (que vejo majoritariamente via youtube) enquanto preparo o café da manhã é de estar vivendo dentro de um filme de ficção científica. Os dias estão silenciosos, as ruas quase desertas, com pouquíssimos carros e ônibus circulando. E isso que moro no centro de uma cidade grande. Parece que todo dia é domingo. Lojas, restaurantes, tudo fechado. Até quarta-feira passada a vida seguia normal. De repente, puff! Todo mundo fica fechado em casa em uma quarentena.
Ficar fechada em casa nunca foi um problema pra mim, ainda que eu perceba que não é saudável, mesmo pra uma pessoa antissocial como eu. Eu gosto de trabalhar sozinha, no meu espaço. Não precisar interagir com as pessoas todos os dias e poder ficar mais à vontade. Mas a situação atual está estranha. Minha rotina é trabalhar na frente do computador até mais ou menos umas 5 da tarde e depois preparar meu café, abrir a steam pra jogar e o discord pra conversar com a galera. Por mais estranho que pareça, me adaptei à rotina de ouvir as noticias enquanto jogo (tenho acompanhado as coletivas de imprensa ao vivo).
É estranho parar todas as atividades tão subitamente. No mesmo dia que decretaram regime home office na editora, recebi e-mail da professora de sueco cancelando as aulas. O curso de polonês (ainda não comentei aqui, mas comecei curso há umas duas semanas) também foi cancelado. Na mesma noite proibiram as viagens interestaduais. Em torno de umas 8 da noite desse dia, teve panelaço contra o presidente. O negócio foi grande. Mas não para por aí. Na semana passada minha mãe fez uma cirurgia pra retirar o útero. A cirurgia foi na segunda-feira e ela acabou tendo reação da anestesia: dor de cabeça muito forte e ânsia de vômito. Teve que ir pro hospital umas duas vezes pra tomar soro. Foi só no sábado que ela começou a melhorar. Digamos que hospitais não são exatamente o melhor lugar pra se estar no meio de uma pandemia... Ainda que seja numa cidade pequena que ainda não apresentou casos. É... são tempos estranhos oO
A parte boa aqui sendo bem egoísta é estar trabalhando em casa. Nada como poder acordar uns minutinhos antes de dar o horário heuehueheu. Eu costumo levantar às 5:40 da manhã pra tomar um banho, engolir o café da manhã rápido (e cedo demais, de forma que não tenho apetite...) pra sair de casa às 6:25 se eu quiser ir caminhando com calma até o ponto de ônibus, que fica a 15 minutos de casa. De busão vai rápido: 12 minutos e eu já desço perto do trabalho, fora mais uns 8 minutos de caminhada. Começo a trabalhar às 7:30 :c Agora, 8 horas eu ainda estou na cama, posso tomar meu café de boas enquanto ligo o computador e organizo os arquivos para trabalhar. 
Esse ganho de tempo diário acaba sendo positivo pra quem mal tinha tempo pra fazer o que gostava, como jogar 🎮
Nesse clima de quarentena, nada melhor que jogar Plague Inc., jogo em que você é um bioterrorista cujo objetivo é dizimar a humanidade. Não por acaso, ainda nas primeiras semanas do surto de coronavírus na China ele bateu record no número de downloads. Veja aqui: link.


Na imagem acima eu já havia avançado bastante no quesito infecção com a minha bactéria de sífilis :B
Pra quem não sabe, o Plague Inc. foi muito elogiado pelo Center of Diseases Control (CDC) dada a abordagem realista com que trata o comportamento de microrganismos patológicos e surgimento de pandemias. Ao lado de Spore - que simula a evolução desde seres unicelulares permitindo ao jogador criar diferentes espécies - o jogo tem sido usado no ensino de biologia em escolas. Portanto, é uma ótima pedida pra quem curte microbiologia 🔬
No início da campanha você deve criar uma super bactéria (mas também existe a campanha de vampirismo). Após a primeira vitória, outros parasitas vão sendo destravados: vírus, fungos, protozoários e até onde eu me lembre, vermes. Um dos pontos cômicos do jogo são as notícias que aparecem no topo da tela, fazendo alusão a elementos da cultura pop ("Terry Pratchett voted best author ever!") e games (Half Life 3 confirmed!"). À medida que a doença avança pelo mundo, o jogador precisa atrasar o desenvolvimento da cura - cujo progresso é representado pelo ícone azul no canto inferior direito da tela. 
É claro que esse não é o único jogo com o qual eu tenho me entretido durante a quarentena, inclusive pretendo fazer uma postagem listando algumas recomendações de jogos com temática pós-apocalíptica. Mas até lá: sobrevivamos!

söndag, mars 8

Jag är på väg!

A segunda postagem de 2020 será dedicada a dois acontecimentos muito fofos e especiais na minha vida: (i) finalmente comecei a fazer curso de sueco! (yey!) e (ii) conheci um sueco no busão a caminho do trabalho! E o mais engraçado é o que liga esses dois acontecimentos: conheci o cidadão exatamente no último dia que eu tinha para fazer a minha matrícula! oO
Bom, não sei se já mencionei isso aqui no blog, mas eu sou absolutamente apaixonada pela Suécia, pela cultura sueca e pela língua sueca! Já havia começado a estudar o idioma por conta própria com alguns materiais que encontrei online, mais especificamente o livro nya mål, que vinha com os áudios. O livro era todo em sueco, então não havia nem aquela ponte entre o inglês para ajudar. Aprendi bastante coisa, mas acabei largando os bets. Até o início deste ano não estudei mais nada relativo à língua, mas como os tempos de mestrado acabaram e voltar a aprender idiomas era um dos meus objetivos, resolvi dar uma fuçada em cursos presenciais.

Não me recordo bem quando, mas há alguns anos eu já tinha pesquisado cursos e descobri que aqui em Curitiba eles ofereciam curso de sueco na Swedcham (Câmara Sueca de Comércio). No site não havia informações acerca de valores, então não fui atrás. Eu imaginava que seria super caro, afinal, é uma língua super exótica e que poucas pessoas têm interesse em aprender. Os únicos perdidos deviam ser os engenheiros que trabalham na Volvo e conseguem transferência pra lá hehehe. Pois então, esse ano finalmente escrevi para a responsável pela instituição aqui na cidade e recebi uma resposta muito legal: o curso era apenas duzentos e trinta reais mensais, com material incluso!


No geral, um valor desses por um curso de línguas é muito barato! Claro, seria apenas uma aula por semana (duração de 2 horas), o que de fato limita muito o contato com a língua. Porém, é muito melhor que ficar sonhando em aprender e não fazer nada. Puxei o meu namorado pra fazer comigo (além de querer companhia e alguém pra praticar, tinha medo que não fechasse turma :c) e aguardei até dar a resposta final. Não é caro, mas é dinheiro heueheueheu. Aí que vamos pro segundo acontecimento.

Pois então @_@. Como falei no post anterior, eu comecei a trabalhar em uma editora no final do ano passado. Por sorte, pego apenas um ônibus para ir ao trabalho. Estava lá eu parada na fila do lado de um senhorzinho esperando o busão chegar. Eu já tinha visto esse senhor outras vezes, percebi um sotaque bem forte que lembrava de colono, mas também de estrangeiro. Ouvi por alto ele falando algo sobre "lá (não peguei onde era) nós"...., "aqui no Brasil vocês...". Eram frases que faziam parecer que ele não era daqui. Até que nesse dia eu ouvi ele (que sempre puxa assunto com as pessoas [sem receber muita resposta {curitibanos ¬¬'}]) perguntar para um senhor com cara de tédio: "o senhor sabe o que é 'fika'? Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Eu mal dei um respiro, virei pra ele e perguntei: "o senhor é sueco?"

Ele me respondeu com uma entonação meio de colono "eu sou". Eu não sei o que foi que me deu, mas mesmo tendo um pouco de receio de falar do nada outro idioma com um nativo antes das 7 da manhã, falei automaticamente e sem o menor medo: "Jag talar lite svenska" (eu falo um pouco de sueco). O senhorzinho (ele tem uns setenta e poucos anos) deu uma risada e falou algumas coisas comigo em sueco. Aí já de volta no português (porque o meu sueco não é lá essas coisas), expliquei que eu perguntei se ele era sueco porque ouvi a palavra 'fika'. Para quem não sabe, fika é uma pausa para café que os suecos fazem várias vezes ao longo do dia. É um momento para relaxar e interagir com as pessoas, seja em casa, na escola ou no trabalho. É algo muito forte na cultura deles.

Eu obviamente tive que conter a minha empolgação na hora, pois quando acontece algo relacionado a alguma coisa que eu goste muito, eu fico eufórica! * -* Eu finalmente conheci um cidadão sueco! Eu estava falando sueco com um nativo! Awwwwwwwwwwww!

Como ele sempre pega o mesmo ônibus que eu (e inclusive desce no mesmo ponto, pois trabalha em um parque perto da editora), sempre nos cumprimentamos e nos despedimos no idioma. Naquela mesma semana levei meu livro pra ele ver. Ele gosta muito de conversar, é um senhorzinho cheio de histórias para contar! Ele é um engenheiro florestal que ensina agricultura urbana pelas ruas da cidade, planta suas hortinhas e faz denúncias quando vê irregularidades! É muito preocupado com o meio ambiente e se revolta com as plantações de soja aqui do país. Certamente é uma pessoa que faz a diferença pro meio ambiente. Certa vez me falou: "as coisas vão melhorar pra vocês aqui" (se referindo a problemas ambientais). Ele está sempre com uma sacola ecológica cheia de garrafas pet e terra e usa um chapéu de pescador. Parece muito aqueles alemães naturalistas que eram personagens de romances do século XIX xD Aqueles que apareciam em cidades pequenas empolgados caçando borboletas e fazendo descrições da flora e fauna local.

No dia que conheci ele eu fiquei tão eufórica que, descendo do busão, mandei trocentas mensagens pro meu namorado: "amoR, conheci um senhorzinho SUECO!", "falei sueco com ele", etc etc etc. Para mim foi um grande acontecimento, dado meu fascínio por conversar com pessoas de outros países, vindos de culturas diferentes da nossa. Convenhamos: não é todo dia que a gente esbarra num sueco. E o mais engraçado foi ter sido no exato último dia que eu tinha para escrever um e-mail para a professora confirmando minha participação no curso. Foi eu chegar no trabalho, abri meu e-mail pessoal e enviei: gostaria de confirmar a minha inscrição. Ela respondeu bem rápido (geralmente leva uns 2 dias para responder hehehe). Véeeeeei, eu sou bem cética, mas levando pro lado da brincadeira: isso foi um sinal ou o quê? xD No mínimo uma coincidência muito bizarra.

Pois bem, como podem constatar da imagem, comecei o curso. Uma dia antes de começar eu comentei com o senhorzinho que ia ter minha primeira aula oficial. No outro dia ele me perguntou como foi (em sueco). Aí aproveitei pra tirar umas dúvidas de pronúncia - as quais ele respondeu prontamente xD. O que eu achei muito legal é que ao contrário de alguns gringos (como alemães), que automaticamente mudam para o inglês quando percebem que a pessoa não fala tão bem a língua (no caso de pessoas que estão estudando o idioma), ele não faz isso. Pra mim isso é muito respeitoso, além de bater com a fama de pessoas super educadas que os suecos têm.

Well, na próxima terça terei a minha segunda aula. Além do curso e das minhas conversas com o meu amigo sueco (ele parece um vovozinho fofo * -*), tenho procurado canais de nativos ensinando a língua. Estou super empolgada e até criei uma playlist com musiquinhas pra ter mais imersão xD Infelizmente é bem difícil encontrar bandas do meu gosto que cantem em sueco. Por isso estou tendo que ouvir umas popzinhas mesmo : p Mas quando a vibe é muito grande, vai um Roxette mesmo (yeyeyeeeee, dressssed for sucessssss). Obs: ODEIO ABBA 😶

Hej då! Ha en bra vecka!

“There is always a lighthouse, there’s always a man, there’s always a city” — 10 anos de BioShock Infinite

Em BioShock Infinite, saímos da cidade submersa de Rapture e subimos aos céus até a cidade flutuante de Columbia. Há uma década estava sen...